Ser humano ou ser divino


E o Verbo se fez carne para se compadecer das fraquezas do homem

Pr. Fábio Saraiva

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14).

Deus se fez carne (porque Ele não é carne) para sentir as fraquezas do homem e se compadecer do ser humano. Por ser divino, Ele não sabia o que era a morte, o que era a dor. Não sabia o que era sentimento, a sensação de ser humano.

Mas, por qual motivo Ele precisava sentir as fraquezas do homem? Para ser misericordioso para com a humanidade, ao invés de culpar, julgar, condenar. 

“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João 3.17).

O ser humano se abaixa para levantar alguém. O ser divino não sente fraqueza, se acha superior aos demais, não tem sentimento, não se coloca no lugar do outro, não sente a miséria do seu semelhante.

Quando Jesus diz para orarmos pelos nossos inimigos e fazer o bem àqueles que nos maltratam ou perseguem (Mateus 5.44), Ele quer dizer que devemos demonstrar que somos humanos. 

Quer demonstrar, por meio do nosso bom comportamento com a pessoa, que o que ela está fazendo é errado.

Lúcifer caiu por ser soberbo. Quis ser divino deixando a sua natureza espiritual.

“Visto como se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou Deus e sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares (sendo tu homem e não Deus); e estimas o teu coração como se fora o coração de Deus” (Ezequiel 28.2).

Ser humano não é ser carnal. É se compadecer. Ser divino é não ter misericórdia, é julgar, é condenar, é acusar. O ser divino age sozinho no tempo da angústia, não busca ajuda, é frio. 

“Porque será como a tamargueira no deserto e não sentirá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável” (Jeremias 17.6).

O ser humano precisa do irmão. Sente falta do próximo. Quer estar sempre junto. Para ele, a tribulação é o melhor tempo da sua vida. 

“Porque ele será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se afadiga nem deixa de dar fruto” (Jeremias 17.8).

Pois ele sabe que a sua tribulação é leve e momentânea e que ela produzirá um peso eterno de glória mui excelente (2 Coríntios 4.17).

O desejo de Deus é voltar para nos buscar a fim de que possamos morar para sempre com Ele nas moradas celestiais. Porque Ele sente falta do homem, quer estar sempre junto e está com as mãos estendidas o tempo todo para nos ajudar. 

O apóstolo Paulo queria se livrar do espinho na carne, a velha criatura que queria ressurgir a todo momento. Mas, a ele foi respondido: 

“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (...)” (2 Coríntios 12.9).

Contudo, esse espinho era o que o tornava fraco, ser humano, ser humilde. E ele entende essa necessidade de ser ultrajado e padecer injustamente, ao ponto de declarar: 

“(...) De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 Coríntios 12.9-10).

E em vários momentos, Paulo se coloca como miserável, como indigno de ter recebido a excelência do conhecimento do Senhor Jesus, não julgando que já tenho alcançado o prêmio de glória nos céus, pelo seu padecimento pela palavra do evangelho. Mas, humilhando-se a si mesmo em busca da ressurreição no último dia (Filipenses 3.2-14).

Então Deus vem ao mundo e se faz carne para mostrar para nós que devemos ser humanos, assim como Ele despiu-se de toda a sua glória, a fim de sentir – literalmente – na pele as nossas fraquezas.

“Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2.4-8).

Quando o homem deixa de ser humano, ele não raciocina, acha que está sempre certo. Mas, o Espírito Santo não se move no ser divino, só no fraco. 

Deus quer se mover na nossa vida para alcançar outras pessoas. Mas, para isso, precisamos ser humanos.

Comentários

  1. Oh Pai que sejamos mais humanos e que teu Espírito jamais se afaste de nós ...

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