Não fuja da dor


A dor é a comunicação de que alguma coisa não vai bem e precisa ser resolvida. É o anúncio de que algo precisa ser aperfeiçoado em nós


Maiara Pires

“Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga; não desprezes, pois, o castigo do Todo-Poderoso. Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam” (Jó 5.17-18).

Deus não nos fere/castiga por retaliação. Mas, para que a gente sinta a regeneração da própria chaga, de modo que sejamos aperfeiçoados. Ele fere e ele mesmo cura a ferida aberta. Ele mesmo refrigera, alivia a dor da chaga e a cicatriza.

"A dor é a comunicação de que algo não vai bem e precisa ser avaliado, corrigido, resolvido. É assim quando ficamos doentes", diz o bispo Fábio Saraiva. 

Ele faz a analogia de que, algumas doenças não se manifestam em princípio e, quando descobrimos, a enfermidade se encontra em estado avançado ou quase irreversível. Porém, outras, manifestam-se, logo, aparecendo os primeiros sintomas. Estas são mais fáceis de serem tratadas.

Por isso que não devemos fugir da dor causada pela tribulação. Pois, é o anúncio de que alguma coisa precisa ser aperfeiçoada em nós

De acordo com o bispo Fábio, para saber o que precisamos aprender com aquela dor, é necessário ficar em silêncio para podermos ouvir a voz de Deus e não murmurar: 

Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo” (Filipenses 2.14-15).

Jesus foi ferido por Deus


A dor é o caminho para a ressurreição. É só relembrar o calvário de Jesus, o caminho que ele percorreu até o Gólgota, os açoites, as bofetadas, as marcas que ficaram no seu corpo. 

"Todas essas chagas foram regeneradas pela renovação do Espírito Santo. Perceba que, quando Cristo apareceu ressuscitado aos discípulos, as feridas cicatrizadas foram o que comprovaram a promessa cumprida de que Jesus seria ressuscitado dos mortos", explica o bispo Saraiva.

As marcas são necessárias para não esquecermos a promessa da salvação e mantermos viva a esperança da vida eterna. E era por essa mesma esperança, que Paulo conseguia suportar as afrontas por pregar evangelho

“Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” (Gálatas 6.17).

Não existe ressurreição sem calvário. Não existe aperfeiçoamento sem dor. Sem ferida não tem cicatrização. Sem dor, não tem regeneração. Após a dor, vem a alegria, o aprendizado, a força, a experiência, proporcionada pelo próprio Pai: 

“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoara, confirmará, fortificará e fortalecerá” (1 Pedro 5.10).

Foi a dor que ajudou Jesus a não desistir da cruz, que o fez lembrar-se de que passaria da morte para a vida nos abrindo a porta da eternidade. 

"Ele suportou o peso da cruz sem perder o céu de vista, com a certeza de que toda aquela agonia seria grandiosamente recompensada", diz o bispo Fábio.

O escritor de Hebreus se deparou com esta mesma certeza e, diante dela, aconselhou que também trouxéssemos à memória o que nos aguarda depois do padecimento:

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hebreus 12.1-3).

Foi com a dor que Jesus aprendeu a obedecer a Deus:

“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por aquilo que padeceu” (Hebreus 5.8). 

E a forma de ele resistir ao pecado foi esta: 

“O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia” (Hebreus 5.7).

Em nada Jesus foi diferente dos homens quando se fez Filho. Ele padeceu na carne da mesma forma que, hoje, sentimos dificuldade para sermos fieis ao evangelho. 

Mas, conseguia vencer todas as coisas através da súplica, orações e lágrimas para que pudesse experimentar as nossas dores e nos socorrer em tempo oportuno. 

“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hebreus 2.17-18).

Então, perceba que o próprio Senhor Jesus, foi ferido por Deus. Ou seja, ele mesmo experimentou a dor para mostrar para nós que o caminho das moradas celestiais, apesar de não ser fácil, é libertador. 

Que as tribulações do percurso são, na verdade, o refino para eliminarmos todo o peso do pecado que nos impede de chegar ao reino dos céus.

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.4-5).

O bálsamo


Quando conseguimos compreender o caminho da dor, nem percebemos o tempo que dura a tribulação porque, permitimos que o próprio Espírito Santo enxugue as nossas lágrimas e verta o seu bálsamo para curar a ferida.

Então, o momento de aflição se torna leve e momentâneo porque os nossos olhos permanecem fitos em Jesus, o autor e consumador da fé, que caminhará conosco em direção às moradas celestiais.

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (2 Coríntios 4.17-18).

Portanto, quando Deus permite que algo desagradável nos aconteça, é para o nosso próprio bem. "Porque ele sabe que aquela dor, aquela marca que ficará no corpo, na alma ou no espírito, contribuirá para um fim proveitoso", afirma o bispo Fábio Saraiva. 

E o melhor de tudo, o próprio Pai nos sustentará durante toda a peregrinação com a nossa cruz: Me sustentas em minha dor e isso me leva mais perto de Ti

“Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará, fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos dará a vida; ao terceiro dia, nos ressuscitará, e viveremos diante dele” (Oseias 6.1-2).

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