Sacrifício vivo


A dor dos cravos nos pés e mãos de Jesus é compartilhada com todos aqueles que recebem o poder de serem feitos filhos de Deus, através da renúncia do próprio eu. Esse é o sacrifício vivo, santo e agradável a Deus

Maiara Pires

“Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24).

O convite da salvação vem acompanhado de sacrifício. Mas não um sacrifício qualquer, inconsciente ou inconsequente. É um sacrifício racional, com entendimento da decisão que estamos tomando de renunciar a nós mesmos.

Quando entendemos e aceitamos ao convite da graça, nos tornamos como sacrifício vivo para Deus. E a orientação do apóstolo Paulo aos Romanos era que se apresentassem em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. E completava dizendo que esse, sim, era o culto racional que estariam oferecendo ao Pai (Romanos 12.1).

Mas, por que sacrifício? Porque obedecer ao evangelho é renunciar a si mesmo e a carne não tem disposição alguma para isso. É aí que entra a nossa consciência para mortificá-la todos os dias, levando-a até a cruz.

“Tomar a própria cruz é ser crucificado. Quando a pessoa está crucificada, ela está presa, não consegue fazer mais nada”, diz o bispo Luciano Nascimento.

Esse é o verdadeiro padecimento de que o evangelho tanto fala em relação à vida com Cristo. Não é padecer por viver de forma miserável. Pois aquele que descansa em Deus, tem as suas necessidades supridas:

“Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mateus 6.31-34).

A dor daqueles cravos nos pés e mãos de Jesus na cruz, agora é compartilhada com todos que recebem "o poder de serem feitos filhos de Deus" (João 1.12). 

De que forma? 

Com a renúncia do próprio eu, dos desejos da carne e vontade dos pensamentos. Porque não fazer a vontade dela, dói. 

Mas, conscientes da decisão que tomamos, ela fica presa na cruz. E sem esse madeiro que Jesus falou para tomarmos, não tem como crucificar a carne.

O apóstolo Paulo resumiu o que significava para ele essa renúncia e reconheceu o sacrifício vivo de Cristo: 

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2.20).

A certeza de que vai valer a pena esse padecimento da carne também é expresso nesta canção:

♫♪ Por tuas feridas eu fui curado
Pelo teu sangue fui lavado
Pelo teu espírito fui ressuscitado
E contigo em glória reinarei
♫♪

E o refrão reafirma a decisão consciente de não fugirmos da cruz:

♫♪ Correrei para tua cruz
Correrei, não fugirei
Em ti me esconderei
Crucificado contigo estou
♫♪

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