O choro de Deus


Cristo era movido por uma compaixão tão grande pelas almas que se entristecia ao ver a incredulidade do povo quando falava do reino dos céus


Maiara Pires

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo” (1 João 1.1-3).

O apóstolo João revela que os discípulos tocaram na Palavra da vida (o Verbo que a eles foi manifestado) e, tiveram tal comunhão inefável, sem saber que estavam contemplando o próprio Deus em forma de Filho, já que o Espírito Santo ainda não havia sido derramado enquanto estavam com Cristo - pois, só iam se dar conta disso através da revelação do Espírito.

E essa comunhão foi tão suprema, que os discípulos participaram de tudo com o Senhor Jesus: das suas alegrias, angústias, sofrimentos, comeram com ele. Mas, principalmente, participaram do choro de Deus. 

Esse imenso amor pela humanidade, Jesus deixou extremamente revelado e claro através das suas obras, para que os discípulos seguissem as suas pisadas.

Observa o pastor José Afonso que a compaixão de Cristo não se revelou tão somente por curas e milagres entre as multidões, mas também por Suas lágrimas. 

Foi o caso, por exemplo, da morte de Lázaro quando todos que viram Jesus chorar, achavam que era simplesmente por causa da estima que Jesus tinha por ele. Mas, não. Cristo se entristeceu com a incredulidade do povo e se compadeceu deles tendo que mostrar a Glória de Deus ressuscitando o morto, para que cressem Nele.

Outro momento em que a compaixão do Pai se manifestou por lágrimas, foi na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém montado sobre um jumentinho. 

“E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela” (Lucas 19.41). 

E logo em seguida, ainda montado no jumentinho, Cristo começou a lamentar pela incredulidade de seus habitantes (é que Jesus veio anunciar a vida eterna, esse tesouro que vale mais do que qualquer bem dessa terra. Mas, nem todos criam Nele).

Paulo, o último apóstolo, entendeu essa compaixão manifesta pelo amor de Deus, ao ponto de deixar escrito aos Filipenses: 

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses 2.5-8).

Este mesmo sentimento de Deus que Paulo orienta que devemos ter - de renúncia em favor da salvação de almas -, só é gerado dentro de nós através da comunhão com o Pai, aquela mencionada na epístola do apóstolo João. É quando podemos não apenas sentir o que Deus sente, como também, pensar, falar e agir como Ele.

É com esse entendimento que Paulo também escreveu aos Filipenses: 

“Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa” (Filipenses 2.1-2).

E até hoje Deus ainda chora desejando ter ao Seu lado todos aqueles por quem se entregou na cruz do calvário. Ele chora por uma igreja unida e fundada no Seu amor. 

No Getsêmani - últimos momentos que antecederam o Seu sofrimento no caminho do Gólgota -, Cristo voltou a chorar tendo as suas lágrimas se transformado em gotas de sangue. 

Ali, Jesus chorava rogando ao Pai dizendo que o desejo Dele era que onde Ele estivesse, os seus discípulos estivessem também. E não somente os discípulos, como também todos aqueles que acreditassem nas Suas palavras.

Ouça "Getsêmani - Leonardo Gonçalves":


Ver os cravos nas mãos, seu corpo a sofrer / Naqueles momentos de dor / Ver o mestre a chorar e foi por você / Que ele mostrou tanto amor

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