Uma nova consciência

Antes de Jesus vir ao mundo não se via a solidariedade que se nota na humanidade, principalmente, em tempos de crise. Este sentimento nasce no coração das pessoas e contagia

Maiara Pires

“O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; aos que estavam assentados na região e sombra da morte, a luz raiou. Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 4.16-17).

O bispo Luciano Nascimento costuma dizer que o mundo ainda não se deteriorou por causa do amor de Deus, essa semente que foi plantada por Cristo no coração dos homens há dois mil anos. 

Observe que em meio ao caos em que vive a sociedade no mundo inteiro, ainda existem pessoas que se preocupam umas com as outras, apesar de sabermos que a natureza animal do ser humano também se revela nas crises.

Essa doação de si mesmo para ver o outro bem, fica mais nítida em situações de calamidade pública, por exemplo. O sentimento de solidariedade ao próximo simplesmente nasce no coração das pessoas e contagia. A compaixão toma conta do ser humano.

Não se via isso antes de Jesus chegar. Antes de Cristo, era olho por olho, dente por dente; golpe por golpe; queimadura por queimadura; quem com ferro fere, com ferro será ferido. 

A mansidão de Jesus era algo extraordinário para quem vivia sob a tensão de ser morto ou apedrejado por causa de algum malfeito. Isto porque, qualquer que guardasse toda a lei e tropeçasse em um só ponto, tornava-se culpado de todos (Tiago 2.10).

Ao anunciar a paz, Cristo não levava em conta o tempo da ignorância do povo. Ele perdoava e dava outra chance para o pecador se redimir. Uma frase que Ele sempre dizia ao despedir as pessoas alcançadas por seus milagres, era: “Vai-te, e não peques mais”.

O caso mais emblemático dessa mudança de paradigma foi o de Maria Madalena (João 8.1-11), apanhada em adultério e prestes a ser apedrejada por causa do ato. Além de Cristo não condenar aquela mulher, Ele deu uma lição colocando em xeque a moral de quem estava com as pedras nas mãos.

A consequência de receber o perdão de Deus numa época em que só se pregava o ódio, era mais significativo ainda. Na verdade, era constrangedor ao ponto de a pessoa vingar toda a desobediência, cumprindo a obediência (2 Coríntios 10.6). “Porque o amor de Cristo nos constrange (...)” (2 Coríntios 5.14).

Renovação do entendimento


Essa constatação fez o apóstolo Paulo declarar uma das virtudes geradas pelo evangelho: 

“(...) onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Romanos 5.20). 

As pessoas que acreditavam no que Jesus falava, viviam como perdoadas proclamando a salvação de almas e fazendo o bem. Tudo isso, voluntariamente, seguindo os passos do Mestre e passando a ter uma nova consciência de si, do mundo e do próprio Deus.

As palavras que Jesus dizia tinham o poder de gerar vida no homem (João 6.63). Elas introduziam no coração das pessoas uma melhor esperança pela qual se podia chegar a Deus (Hebreus 7.19) e ser ajudado em tempo oportuno (Hebreus 4.16).

Eram essas palavras que geravam uma nova consciência de quem somos, o que estamos fazendo aqui e para onde vamos: 

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (1 Pedro 2.9-10).

Eis aqui o efeito do que saia dos lábios de Cristo Jesus: 

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4.12).

Mas não era só na época de Cristo que as palavras que Ele falava causavam esse efeito. As descrições do que traz cada livro do Novo Testamento continuam com esse mesmo poder de transformação. Tanto que Paulo fez diversas orientações neste sentido: 

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

Essa nova consciência traz num primeiro momento certa tristeza, principalmente, pela percepção das trevas em que se encontra esse mundo e de estarmos nele: 

“Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2 Coríntios 7.10).

Contudo, logo após, vem o consolo de saber que existe um lugar eterno e muito melhor para todos que creem e amam a vinda de Cristo: 

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (João 14.1-3).

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